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A Banalização dos Psicodiagnósticos.


Quanto à Psiquiatria, tem se mostrado bastante comum ouvirmos dos pacientes, nos consultórios analíticos a seguinte frase:

" Mas ele mal me ouviu e olhou-me nos olhos, apenas mandou-me tomar o remédio."

Sem desmerecer, em absoluto, a Psiquiatria, que é uma área deveras apreciada por mim. Não obstante, tendo eu buscado me especializar em Psicopatologias, para dar aos pacientes uma certa segurança no tocante às suas dúvidas sobre as doenças da mente.

É inegável a decadência atual dos psicodiagnósticos. O Manual DSM5 , foi laceado de tal forma que alguns CID'S, como o CID 10 por exemplo, abrange tantas características de personalidades, que segundo ele, qualquer um, em absoluto, pode vir a ser um doente mental.

Segundo o que diz o Dr. Guido Palomba, Psiquiatra Forense , mas um dos mais conhecidos e respeitados deste país, atualmente há uma subversão em demasia dos valores desta especialidade. Onde a Indústria Farmacêutica mantém o monopólio.

Deve-se saber que os médicos e congressos da área contam com o patrocínio desta indústria que visa apenas lucro com a crescente venda de medicamentos psiquiátricos tarjados. O que explicaria o relato inicial deste paciente:

" Nem ao menos olharam me nos olhos".

Ocorre que, um paciente sendo diagnosticado erroneamente acarretará prejuizo infinitos, tanto emocionais, quanto físicos ao tomar remédio sem precisar. 

O medicamento errado além de não fazer efeito, traz prejuizos à saúde. 

Como exemplo, usaremos o TDAH, antigamente chamado de Disfunção Central Mínima, é um transtorno bastante novo, que vem sendo banalizado em demasia. Pessoas são diferentes. Algumas tem o entendimento, para determinados assuntos, mais lento que as outras, naturalmente. Há também as características de personalidade da pessoa, defeitos não são sintomas de doença, defeitos são comuns ao ser humano. Também a forma como a criança é criada, a educação que recebe, os limites que lhe são impostos, o acesso às diversas tecnologias atuais, uso de entorpecentes, vícios, são fatores que devem ser profundamente analisados antes de tudo.

Uma pessoa pode ser apenas chata, mimada, individualista, introvertido, mal, ruim, melancólico, perfeccionista, preguiçoso, ter um raciocínio mais lento para algum assunto que não lhe seja atraente, simplesmente por natureza. Não significa que estes sejam sintomas. 

Hoje em dia parece mais difícil admitir seus defeitos do que se justificar alegando ter um psicodiagnóstico.

A Ritalina é um Medicamento Estimulante para o Córtex Pré-Frontal, esta área no paciente TDAH não funciona corretamente. 

Se e apenas se, o paciente for minuciosamente e profundamente estudado e assim, através de exames, for diagnosticado com essa Disfunção, o medicamento lhe fará efeito.

Porém, tendo o órgão cérebro saudável, normalmente cumprindo suas funções, tomando estimulante ficará extremamente ativo e terá prejuizos severos à saúde, como:

• Dependência
• Overdose 
• Psicose
• Delírio 
• Hipertensão
• AVC
• Convulsão

Daí a importância de não se auto-diagnosticar e medicar, mas buscar um profissional idôneo para investigar profundamente com exames. Concomitantemente, a psiquiatria deve-se voltar as raízes da psicopatologia que une um conjunto de experiências como acolhimento, estudo biológico, cultural, social, humanista, escuta e não apenas um resultado imediatista.

Nem tudo é Doença!

Há um grande e profundo abismo entre o que é doença e o que é normalidade.

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